sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O Vencedor


O dia era tímido. Um sol desalentado tentava rasgar as nuvens carregadas.
Antonio olhou a rua onde os automóveis se entrecrusavam sem remorssos.
Foi ao banheiro, lavou o rosto, e se olhou no espleho vislumbrando as muitas
faces dos seus deuses e demonios. Sorriu para ele numa piscadela cúmplice.
Dirigiu-se à cozinha e a quietude da casa abraçou-o carinhosamente.
Tomou café, acendeu um cigarro e seus pensamentos se espalharam,
flores despetaladas. Tivera uma vida intensa, plena de aventuras,
sonambulismos, pesadelos, trevessias e corredores. Os parentes, filhos,
irmãos, netos, sobrinhos distantes esquecido, telefonavam, vêz ou outra,
para saber dele. Conversavam amenidades disfarçando as própias culpas
ou acusações.
Antonio sorriu para si mesmo e resolveu sair, dar aquela cominha básica
pala praia. O ventou levou seus sonhos.
Cumprimentou conhecidos e pessantes sentindo-se vitorioso.
Vencera o amor.

Herança


à tia Tulina

Derrama-se a fragrância
olorenado o dia
de lembranças,
quando ela estendia
as mãos brancas,
enrugadas e frias,
- lírios mortos -
e numa caírcia dizia:
"Não esqueça seu orgulho,
sua herança:
você descende dos Braganças"
Doce ilusão
de uma esclerose
virgem e mansa

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Grito


Não pretendo
seguir caminhos,
nem sofrer
dos grandes mestres
a influência.
Não desejo competir
com os letrados,
poetas novos
ou de velhas escolas.
Quero apenas
encontrar uma forma
de lançar meu grito!