sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Vida vivida
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
O Vencedor
Antonio olhou a rua onde os automóveis se entrecrusavam sem remorssos.
Foi ao banheiro, lavou o rosto, e se olhou no espleho vislumbrando as muitas
faces dos seus deuses e demonios. Sorriu para ele numa piscadela cúmplice.
Dirigiu-se à cozinha e a quietude da casa abraçou-o carinhosamente.
Tomou café, acendeu um cigarro e seus pensamentos se espalharam,
flores despetaladas. Tivera uma vida intensa, plena de aventuras,
sonambulismos, pesadelos, trevessias e corredores. Os parentes, filhos,
irmãos, netos, sobrinhos distantes esquecido, telefonavam, vêz ou outra,
para saber dele. Conversavam amenidades disfarçando as própias culpas
ou acusações.
Antonio sorriu para si mesmo e resolveu sair, dar aquela cominha básica
pala praia. O ventou levou seus sonhos.
Cumprimentou conhecidos e pessantes sentindo-se vitorioso.
Vencera o amor.
Herança
à tia Tulina
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
O Grito
terça-feira, 4 de maio de 2010
Céu de chumbo
A mulher observou a chuva caindo numa intensidade contínua. As árvores recebiam serenas, o peso das águas numa calma angelical. O céu estava um chumbo compacto.
Não deu boas-vindas ao dia chorão. Ela sempre fora bem humorada, mesmo quando ao seu redor tudo parecesse caótico. Sem depressões inúteis, talves a inconsciência psiquica da própria insensatez. Gostava das brisas, verões fortes, luares em todas as fases. Aceitava túneis, rochedos e mares revoltos. Lágrimas, só ao ouvir boa música ou uma triste história.
Amara algum dia? Não sabia. Mas conhecera o amor dos dois únicos amigos que a amaram e se foram, no turbilhão do tempo findo. Túmulos esquecidos de almas guardadas no espírito.
Agora, só. Ela afastada. Não. Nada soubera do amor, não o entendera, talvez, ou não o soubera sentir.
Via-se agora sem surpresas, reflexos sem fundamentos, planos, continuidade. Tantos pecados, sinônimos de ignorância… Tantos encantos, tropeços e festas… E mancadas. Tão absurdas que a surpreendiam com sua criatividade destrutiva para ela mesma e para os outros, eventos sem sentido ou retorno.
Deu de ombros indiferente. O dia molhado impedia-a de sair. Tanto melhor. Estava livre de compromissos e as incertezas podiam permanecer tranquilas ao seu lado. Pensou: se estivesse na Idade Média, provavelmente morreria na fogueira das bruxas. Sorriu divertida. Que importam os julgamentos? Estava isenta agora. O que importava mesmo era a chuva que caiu contínua e chata e aquele céu de chumbo.
sábado, 1 de maio de 2010
Ausência
Por toda vida
Permanecestes tão distante
quanto o mais distante
planeta
da mais longínqua
galáxia.
Eu, porém,
continuo me aquecendo,
prazeirosamente,
sob o calor
do generoso sol.
Em Barra de São João
Tudo é bom.
A cidade é bonitinha,
as tardes são serenas e poéticas.
As noites embaladas
e musicadas com bom gosto
pelo Bar do Beto.
Os amigos possuem a face
de filhos inesperados.
O atendimento raro e delicado
que recebemos do mercadinho «Badalado».
O mar é o mar.
O rio é tranquilo,
mas no dia da chuva grossa,
se zangou,
invadiu algumas casas
e o que era pouco, quase se acabou.
Sobrou uma adolescente luz
buscando o horizonte,
um pássaro pousando no fio elétrico,
uma esperança agasalhada e firme,
uma roseira em flor,
e um altar de histórias pra contar.