sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vida vivida


A vida é para ser vivida.

O dormente, valente, carrega às suas fortes costas trilhos e trens, que levam cargas, economias, progressos, regressos, lágrimas, saudades e medos, voltas e fugas.

Fugas, mínimas, semínimas, estrofes, claves, carrega o pentagrama, fiel e dedicado ao compositor, formecendo vida às notas, que, despertadas, encantam a Humanidade com sonoridades e Harmonias.

Harmonias das aves voadoras ou terrestres, cantando seus gorgeios ou grasnares, louvando a Natureza, que a duras penas, não pára de criar, renovar seus afrescos e suas flores.

Flores que brotam nos sertões secos, nos cerrados, insistentes, vestidas de festa e perfumes, nos beirais, nos quintais, nas esquinas, levando vida nos cantões do Mundo, rompendo neves, montanhas, e planíceis, numa ajuda muda ao verde.

Verde das samambaias e gramados resistentes a toda devastação, impertinentes árvores altas, frondosas, antigas, virgens, plenas de frutos ou primaveras, que enfrentam as serras e a morte, buscando o céu, guardando sob seu solo a vida invisível, enfrentando o fogo e as enchentes dos rios.

Rios que correm cantando hinos, arrastando, lavando e levando detritos restaurando a vida das águas, mesmo agredidas, conservando seu leito, Yaras, mistérios e seixos, peixes, milagres e banhos exultantes das crianças.

Crianças mal orientadas, sub-nutridas, perdidas e sem rumo, num mundo mecânico, industrial, destruidor, levando a vida em sorrisos, irreverencia, brincadeiras, atrirar de pedras.

Pedras que no silêncio da Terra, nascem, crescem e explodem em minérios, átomos, cristais, diamantes, esmeraldas, topázios no seu interior.

Interior de vulcões inocentes, despertando em lava e fogo, com a intenção de mostrar sua vida, fertilizando o solo nessa manifestação de grandeza e poder.

Poder do Homem, vindo da inteligência, tornando-o criativo, poético, sonhador, assassino ou aliendado mental, criador de vida ou morte em laboratórios, contando, descobrindo planetas e estrelas, colhendo bactérias no ar, no mar, na terra, examinando borboletas ou peixes, escavando a História com músculos e livros, buscando deuses, demonios religiões, fantasias românticas ou artísticas, lucro, prepotencia, ambições, sempre em nome da imaginação, dividindo a sua própria natureza.

A Vida é o espelho do Tempo. Mas é para ser vivida.

Fausta Pires, 2007

Um comentário:

  1. Fausta, sou eu. Dani!
    Fábio e eu iremos visitá-la em breve. O Pedro está meio doente e tem ventado muito.
    Você comentou no meu blog. Apareça quando quiser, querida!

    mil bjs...

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