A vida é para ser vivida.
Fugas, mínimas, semínimas, estrofes, claves, carrega o pentagrama, fiel e dedicado ao compositor, formecendo vida às notas, que, despertadas, encantam a Humanidade com sonoridades e Harmonias.
Harmonias das aves voadoras ou terrestres, cantando seus gorgeios ou grasnares, louvando a Natureza, que a duras penas, não pára de criar, renovar seus afrescos e suas flores.
Flores que brotam nos sertões secos, nos cerrados, insistentes, vestidas de festa e perfumes, nos beirais, nos quintais, nas esquinas, levando vida nos cantões do Mundo, rompendo neves, montanhas, e planíceis, numa ajuda muda ao verde.
Verde das samambaias e gramados resistentes a toda devastação, impertinentes árvores altas, frondosas, antigas, virgens, plenas de frutos ou primaveras, que enfrentam as serras e a morte, buscando o céu, guardando sob seu solo a vida invisível, enfrentando o fogo e as enchentes dos rios.
Rios que correm cantando hinos, arrastando, lavando e levando detritos restaurando a vida das águas, mesmo agredidas, conservando seu leito, Yaras, mistérios e seixos, peixes, milagres e banhos exultantes das crianças.
Crianças mal orientadas, sub-nutridas, perdidas e sem rumo, num mundo mecânico, industrial, destruidor, levando a vida em sorrisos, irreverencia, brincadeiras, atrirar de pedras.
Pedras que no silêncio da Terra, nascem, crescem e explodem em minérios, átomos, cristais, diamantes, esmeraldas, topázios no seu interior.
Interior de vulcões inocentes, despertando em lava e fogo, com a intenção de mostrar sua vida, fertilizando o solo nessa manifestação de grandeza e poder.
Poder do Homem, vindo da inteligência, tornando-o criativo, poético, sonhador, assassino ou aliendado mental, criador de vida ou morte em laboratórios, contando, descobrindo planetas e estrelas, colhendo bactérias no ar, no mar, na terra, examinando borboletas ou peixes, escavando a História com músculos e livros, buscando deuses, demonios religiões, fantasias românticas ou artísticas, lucro, prepotencia, ambições, sempre em nome da imaginação, dividindo a sua própria natureza.
A Vida é o espelho do Tempo. Mas é para ser vivida.
Fausta Pires, 2007